Breve Retrospectiva da Educação |
Written by Adonai Estrela Medrado |
Tuesday, 01 July 2008 19:59 |
SobreEste trabalho foi apresentado como respostas a uma atividade da disciplina Abordagens Histórico-Filosóficas da Educação na Universidade Salvador (UNIFACS) em maio/2008. RetrospectivaO período da Idade Média, começando com a queda do Império Romano em 476 e terminando com tomada de Constantinopla pelos turcos em 1553, teve sua educação marcada pelo domínio cristão. São representativas desta época os trabalhos de Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino que buscavam definir o acesso e a transmissão do conhecimento através de Deus. Para o primeiro, o conhecimento é recebido de Deus e estava dentro de cada um, para o segundo, somente Deus podia permitir o acesso ao conhecimento. Portanto, nesta época, retirava-se do homem tanto a capacidade de adquirir quanto a de ter acesso ao conhecimento através de seus próprios meios, pois isto estaria fora de suas possibilidades. Os monges, principalmente a Ordem Beneditina, se destacaram no trabalho de educadores. Ensinavam desde o latim até a filosofia e teologia, entretanto estas duas últimas disciplinas somente estavam disponíveis para os melhores alunos. Independente dos critérios utilizados para definir os “melhores alunos”, podemos identificar neste momento um tipo de divisão dos que podem e dos que não podem ter acesso a determinado tipo de educação. Com o caminhar da história, o surgimento da burguesia e a gradual contestação do poder religioso, desenvolveram-se as Escolas Seculares não relacionadas com atividades religiosas e tento professores designados pela autoridade local. Neste grande, porém gradual salto, as disciplinas lecionadas eram a história, a geografia e as ciências naturais, enquanto anteriormente a ênfase era em gramática, retórica, dialética, geometria, aritmética, astronomia e música. Também a mulher possui a possibilidade de educação formal, porém diferenciada. Por fim, desejando a ascensão social, a burguesia dá os primeiros passos para as Universidades. No fim da Idade Média, com a Renascença, aparecem os métodos experimentais e de observação. Acontece neste período também o rompimento com o imobilismo juntamento com a defesa do antropocentrismo, do hedonismo, do racionalismo, do otimismo e do individualismo. Do antropocentrismo vem a concepção da humanidade como centro do entendimento humano, do hedonismo, o culto ao prazer individual e imediato, do individualismo, a afirmação e liberdade do indivíduo frente a um grupo, do otimismo, o pensamento positivo e do racionalismo vem a idéia de operação mental, discursiva e lógica. Os Jesuítas destacam-se nesta época como grupo de educadores com uma história conturbada, que inclui expulsão de colônias e centros de educação a nível mundial. O grupo, no contexto da Contra-Reforma, foi fundado com o objetivo de combater os pagãos, ensinava Letras e Filosofia e, no Brasil, foi responsável pela difusão e sedimentação do cristianismo. Com o fim da Idade Média, tem-se a Idade Moderna que segue até a Revolução Francesa e que instala o que será chamado de escola tradicional. Percebe-se um enfoque mais prático e realista. Comênio destaca-se nesta época com a idéia de sabedoria universal, onde todos deveriam ter acesso ao conhecimento, já o inglês John Locke traz a concepção de aprendizado pela experiência, negando completamente a idéia de um conhecimento pré-existente. Nesta época, na França, surge um internato feminino que pretendia criar um contraponto aos conventos femininos que priorizavam a disciplina moral em lugar da formação intelectual. No momento histórico que se segue, que inclui a Revolução Francesa, a enfoca-se a razão humana para interpretar, transformar e modernizar o mundo. Destaca-se Jean Jacques Rousseau e Immanuel Kant. O primeiro acreditava que o homem nasce bom e que é a sociedade que o corrompe, o segundo criou uma Teoria do Conhecimento classificando o tangível e o abstrato em aquilo que podemos conhecer e aquilo que é por si desconhecido. Kant também traz a idéia de menoridade no campo do conhecimento caracterizando-a como a incapacidade de fazer uso de seu próprio entendimento sem ser guiado por terceiros. ReflexãoO homem é produto de sua história. Cada um dos períodos históricos citados deixou sua marca, cicatriz e herança presente até os dias atuais, como também cada período sofreu influência e/ou foi uma reação ao anterior. Da Idade Média, com a educação religiosa, o homem conseguiu compreender que a fê não deve ser limitante na busca para o conhecimento. De fato, se apreendeu que não é aceitável a nenhuma doutrina, ser ou entidade querer restringir ou impedir a natureza curiosa humana. Hoje as escolas religiosas existem, mas não seguem mais a fê como única explicação. Elas tentam unir a educação religiosa à educação nas ciências. Neste contexto, ensinar Darwin, com a teoria evolucionista, ao lado das explicações criacionistas pode ser visto não como um retrocesso, mas como uma visão não dogmática da educação visto que evolucionismo e criacionismo são formados por um conjunto de hipóteses que não podem ser definidamente provadas ou negadas. Na Idade Moderna, John Locke, trazendo a idéia da “tábula rasa” levanta uma discussão que iria continuar por muito tempo: qual a influência do ambiente (e da cultura) sobre o homem? Tivemos desde teorias que desconsideravam aspectos ambientais e culturais dando importância somente a aspectos puramente genéticos, até teorias sistêmicas como as de Bronfenbrenner, o qual considera que o homem no seu desenvolvimento interage com vários sistemas dentre eles mais de um macrossistema, que, em sua teoria, representa a cultura e os valores sociais. Esta discussão sem dúvida teve um fruto: compreender melhor como o homem se desenvolve e interage com o ambiente que o rodeia. É certo que as teorias do desenvolvimento, juntamente com as pedagogias a elas associadas, proporcionaram uma maturação daquilo que conhecemos como educação, mas isto só foi possível devido a um movimento iniciado com a Renascença, no final da Idade Média, através da concepção antropocentrica. Com Kant e as idéias iluministas, tem-se o conceito da menoridade no campo do conhecimento e com isto a valorização das próprias construções. Assim, nasce a idéia de que o educador tem o papel de fazer com que o educando aprenda a aprender e aprenda a fazer, sem ficar aprisionado a um terceiro. O educando deveria se tornar um ser habilitado a buscar e construir seu próprio conhecimento para sair desta menoridade. Neste percurso histórico, destaca-se a relação da mulher com a educação. Na antiguidade grega, as mulheres eram excluídas da educação, já na Idade Média era-lhes permitido uma educação, mesmo que diferenciada, e finalmente na França obteve-se o direito a educação focada na formação intelectual. Hoje, no Brasil, existem mais mulheres do que homens como alunos do ensino superior. A burguesia exerceu um papel fundamental na história da educação e juntamente com ela o capitalismo. As Escolas Seculares foram possíveis graças à burguesia, mesmo as universidades foram resultado da influência da burguesia desejando ascensão social. A Internet, junto com os verdadeiros processos de inclusão digital, concretizam a idéia de Comênio de universalização do saber, ao mesmo tempo que possibilitam ao educando e ao educador exercitar a sua maioridade do conhecimento, pesquisando e buscando assuntos do seu interesse e publicando suas próprias construções. |
Last Updated on Tuesday, 01 July 2008 20:26 |