Pedagogia Libertadora |
Written by Adonai Estrela Medrado |
Tuesday, 01 July 2008 20:30 |
SobreEste trabalho foi apresentado como respostas a uma atividade da disciplina Abordagens Histórico-Filosóficas da Educação na Universidade Salvador (UNIFACS) em maio/2008. A compilação apresentada aqui contém pequenas alterações. Pedagogia Libertadora[...] a educação é uma atividade onde professores e alunos mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o conteúdo da aprendizagem, atingem um nível de consciência dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem, num sentido de transformação social [...]1 A citação de Libâneo está relacionada à tendência libertadora da Pedagogia Progressista iniciada por Paulo Freire no início dos anos 60. Enquanto a Pedagogia Liberal propõe uma adaptação do indivíduo à sociedade de classes, a Pedagogia Progressista pressupõe a análise crítica do capitalismo. Também conhecida como Pedagogia de Paulo Freire, a tendência libertadora nasce em oposição aos métodos da época que não eram capazes ou não se preocupavam prioritariamente em formar cidadãos. Relacionando à citação de Libâneo, vê-se que, para Paulo Freire, cidadão é o indivíduo capaz de, na relação com a realidade, atuar num sentido de transformação social. Nas palavras de Luis Mercado: A educação para ser libertadora precisa objetivar uma ação e reflexão consciente e criadora das classes oprimidas sobre seu próprio processo de libertação [...] A educação libertadora questiona concretamente a realidade das relações do homem com o mundo e com os outros homens, buscando uma transformação.2 Paulo Freire trabalhava com a conscientização dos indivíduos através da alfabetização, mas não despreza o conhecimento prévio. Ele, no livro “A importância do ato de ler”, afirma que todos somos leitores antes mesmo do processo de alfabetização. Faz-se uma leitura do mundo antes da leitura da palavra. Assim, “o educador tem apenas o domínio da leitura e da escrita, buscando a construção de um novo 'coletivo social'”3. A realidade exerce papel fundamental, uma vez que ela é ao mesmo tempo mediador e próprio conteúdo a ser apreendido. Através da percepção do mundo constroem-se conceitos e atribuem-se significados a cerca da realidade que, em um ciclo, influenciarão posteriormente leituras e ressignificações. Assim, o mundo que cerca o educador e o educando, tem papel fundamental na tendência libertadora, uma vez que Os conteúdos são temas geradores ou grupos temáticos, retirados da prática cotidiana dos educandos. Cada pessoa ou grupo dispõe, em si próprio, dos conteúdos necessários de onde se parte. A transmissão de conteúdos estruturados a partir de fora é considerada uma “invasão cultural”, porque não emerge do saber popular.4 O objetivo e o direcionamento da pedagogia de Paulo Freire, como explicitado por Libâneo, é atingir um nível de consciência da realidade. Mas é importante observar que este direcionamento não perde de vista as diferenças entre homens e crianças, como relata o Paulo Freire falando de sua experiência de leitura do mundo: Mas, é importante dizer, a “leitura” do meu mundo, que me foi sempre fundamental, não fez de mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do menino não iria distorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudado do que desajudado por meus pais.5 Desta forma, Paulo Freire opõe-se à Pedagogia Tradicional uma vez que ele não considera a criança como um adulto em miniatura, mas como ser portador de suas próprias especifidades. Os conteúdos não são estabelecidos de fora, nada deve ser inculcado ou imitado, nem existir em descompasso com o mundo. Como destacou Libâneo, existe também uma aproximação educador-educando: [...] a educação é uma atividade onde professores e alunos [...] atingem um nível de consciência [...] [da realidade], a fim de [...] atuarem, num sentido de transformação social - (grifo nosso). Assim, o professor acompanha o aluno na busca constante desde nível de consciência. Tento a realidade como mediador e objeto de aprendizado, a tendência libertadora funciona como abertura para uma sociedade democrática, preocupando-se também com o que está fora da escola em busca da emancipação do homem. É uma perspectiva transformadora da educação onde o foco sai do conteúdo e se dirige para a relação e onde o aluno desloca-se do papel passivo e passa para o ativo. Notas de Rodape1 LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1996, p.33. 2MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. A questão dos conteúdos numa metodologia histórico-crítica. 1995. Disponível em: <http://www.cedu.ufal.br/projetos/internet/revistaeducacao96.htm>. Acesso: 08/03/2008. 3Ibidem. 4Ibidem. 5FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. |
Last Updated on Tuesday, 01 July 2008 20:49 |