Literatura Brasileira nos primeiros séculos da colonização portuguesa |
Written by Adonai Estrela Medrado |
Monday, 24 May 2010 16:45 |
SobreEste material é adaptação de trabalho apresentado em abril/2010 como requisito para aprovação na disciplina Literatura Brasileira I/UNIFACS. Literatura Brasileira nos primeiros séculos da colonização portuguesaQuando os portugueses descobriram o Brasil para o velho mundo, a literatura da Europa ocidental já existia e gozava de variedade, prestígio e respeito. Inicialmente nosso país apareceu nessa literatura no lugar de objeto como território edênico, cheio de encantamentos, mas, ao mesmo tempo, também atrasado e fora dos padrões de civilização que a Europa conhecia. Apesar de inicialmente, devido a esta objetivação da terra, acontecer o “Brasil na literatura” esta fase não deve ser desconsiderada ou ter sua importância diminuída. Por exemplo, a Carta de Caminha foi o primeiro texto que teve como assunto o Brasil. De caráter informativo, ela tinha a pretensão de dar notícias da nova terra ao povo português – especificamente ao seu Rei – e já representava o Brasil como objeto, mas não perde sua importância, pois faz parte da história brasileira e por isto é até hoje bastante estuda tanto por historiadores quanto por antropólogos. A Carta de fato marca a primeira citação à terra de Machado de Assis na literatura e, de certa forma, pode ser vista como parte do nosso amadurecimento literário. Amadurecimento que aconteceu aos poucos, em um longo processo até chegarmos à “literatura no Brasil”. Deve-se lembrar que nesta época o Brasil apresentava-se como receptor de um imigrante que deseja apenas passar um tempo e, consequentemente, não tinha interesse nem pelo desenvolvimento da terra nem por estabelecer raízes. O que hoje conhecemos como país, era então somente uma colônia de exploração que servia à metrópole e cuja função era gerar capital. Daí a dificuldade em termos uma “literatura no Brasil”, pois Brasil era algo que existia apenas como extensão da colônia, algo a ser explorado e onde não interessava a produção cultural e artística. Como lembra Arruda[1], “[...] a produção do Brasil foi realizada através da produção destinada ao mercado (mercantil), organizada com base no trabalho obrigatório de escravos negros africanos (escravista) e atendendo essencialmente aos interesses metropolitanos (colonial)” (p. 78). Desta forma, mercantil e escravista, o Brasil funcionava tanto como objeto no sentido de exploração, quanto como objeto no que diz respeito à posição na literatura. Neste último caso, sua utilidade era dar conhecimento e entreter e povo português com as notícias da nova terra, cheia de novas oportunidades e diferenças. Em um âmbito mais geral, o filme norte-americano 1492 - A Conquista Do Paraíso dirigido por Ridley Scott conta a história de como o europeu encontrou a América. Cristovão Colombo aparece como herói que tomou a iniciativa de uma empreitada em direção ao oceano desconhecido. O que realmente ele queria: ouro, levar a palavra de seu deus, fama? Suas razões não importam muito diante do fato de que foi ele quem descobriu novas terras que geraram esperança de lucro, de riqueza e do paraíso... A empreitada de Pedro Álvares Cabral que resultou no descobrimento do Brasil criou expectativas similares. Depois da Carta de Caminha se seguiram os cronistas comentando a riqueza natural na nova terra, ao mesmo tempo em que apontavam as diferenças, principalmente as culturais. Talvez a “literatura no Brasil” só venha a tomar o lugar do “Brasil na literatura” após termos conquistado nossa independência. A partir de então passamos a existir de forma autônoma como Brasil e não como objeto português. Nos demos contas de nossa particularidade, não éramos mais nem europeus, nem portugueses, nem filhos de Portugal. Por várias razões as manifestações anteriores sofriam de certas dificuldades ou precariedades. Por exemplo, Oliveira[2] lembra que na época do Barroco, por exemplo, “[...] a Colônia ainda não dispunha de um grupo intercomunicante de escritores, nem de um público leitor influente, nem de vida cultural intensa, situação agrava pela proibição da imprensa e pela falta de liberdade de expressão” (p. 27). A emancipação política deu espaço a uma inquietação: era preciso encontrar uma identidade nacional. O Romantismo marca nossa tomada de consciência e uma passagem marcante do “Brasil na literatura” para uma “literatura no Brasil”. Agora “Brasil” era algo próprio, e não a extensão de algo. Restava descobrir quem é o brasileiro (e talvez ainda reste e sempre restará). Notas |
Last Updated on Monday, 24 May 2010 16:59 |